Indignada com a postura da Secretaria de Segurança Pública
sobre os incidentes que aterrorizam a capital paulista, uma delegada de
Sorocaba – que optou por manter sua identidade em sigilo – pagou para adesivar
uma grande frase no vidro traseiro do seu veículo, na tarde de ontem: “Vem PCC
tô facinha pra você! Se o secretário de segurança não tá nem ai, eu me
preocupo. Poupe pais, mães de família e o coitado do povo inocente.”
A delegada disse ao BOM DIA que tomou esta atitude após a
confirmação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmar, no início da
tarde de ontem, que não tem plano de trocar o comando da Segurança Pública,
mesmo após a crise que matou mais de uma centena de pessoas na região
metropolitana. “Não tem nenhuma alteração”, afirma.
Constatação: A delegada atua na Polícia Civil há 23 anos.
“Negar que a onda de violência existe e está chegando em Sorocaba é o mesmo que
dizer que Papai Noel existe”, destaca. Com o ato de protesto, ela espera que
mais pessoas decidam romper o silêncio e se manifestar contra a atual situação
do Estado.
“A cegueira nas atitudes do secretário de segurança pública
perante aos atos criminosos é inadmissível”, avalia. Além disso, ela afirma que
existem denúncias de ameaças de bombas contra companhias da Polícia Militar e
Distritos Policiais. “Não me conformo com este caos”, desabafa.
Pela Vida: Explicando a frase escolhida para estampar o
vidro de seu carro, a delegada afirma que não suporta mais ver pessoas
inocentes morrendo na guerra da capital. “Eu me importo com o povo do meu
Estado. Gostaria que o secretário de segurança se importasse da mesma maneira”,
diz.
Para resolver a questão que ameaça a se espalhar pelo
interior de São Paulo, a delegada ressalta a importância da valorização do
serviço de inteligência da Polícia Civil que, segundo ela, é capaz de detectar
os reais ‘donos do tráfico’ e membros de facções criminosas. “Violência só gera
violência, não é assim que se ataca bandidos. Criminosos são combatidos com
inteligência”, avalia. A mesma conclusão foi tirada pelo especialista em
segurança pública e professor universitário Gustavo Barata, na edição publicada
pelo jornal BOM DIA de sexta-feira.
A delegada finaliza seu depoimento avaliando seu próprio
trabalho: “graças a Deus nunca precisei matar ninguém durante toda minha
carreira, sei que corro o risco de sofrer retaliação pelo meu desabafo e, por
isso, espero contar com o apoio da imprensa, isso se o PCC (Primeiro Comando da
Capital) não me pegar primeiro.”
Fonte: Jornal Flit Paralisante
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